quarta-feira, 8 de agosto de 2012




A beleza é a sombra de Deus sobre o universo.
Gabriela Mistral

Decálogo do artista



. Amarás a beleza, que é a sombra de Deus sobre o Universo.
II. Não há arte atea. Embora não ames ao Criador, o afirmarás criando a sua semelhança.
III. Não darás a beleza como isca para os sentidos, se não como o natural alimento da alma.
IV. Não te será pretexto para a luxuria nem para a vaidade, se não exercício divino.
V. Não buscarás nas feiras nem levarás tua obra a elas, porque a Beleza é virgem, e a que está nas feiras não é Ela.
VI. Subirá de teu coração a teu canto e te haverá purificado a ti o primeiro.
VII. Tua beleza se chamará também misericórdia e consolará o coração dos homens.
VIII. Darás tua obra como se dá um filho: tirando sangue de teu coração.
IX. Não te será a beleza ópio adormecido, se não vinho generoso que te estimula para a ação, pois se deixas de ser homem ou mulher, deixarás de
ser artista.
X. De toda a criação sairás com vergonha, porque foi inferior a teu sonho e inferior a esse maravilhoso Deus que é Natureza.



Gabriela Mistral - Tradução - Maria Teresa Almeida Pina

Dá-me tua mão



Dá-me tua mão e dançaremos;
dá-me tua mão e me amarás.
Uma flor única seremos,
uma só flor, e nada mais.

O mesmo verso cantaremos,
ao mesmo passo bailarás;
como uma espiga ondularemos,
como uma espiga, e nada mais.

Te chamas Rosa e eu Esperança,
porém teu nome esquecerás,
porque seremos uma dança
pela colina, e nada mais.


Gabriela Mistral


Dai-me Senhor, a perseverança das ondas do mar, que fazem de cada recuo um ponto de partida para um novo avanço. 

Gabriela Mistral

Gabriela Mistral




Gabriela Mistral nasceu numa pequena cidade do norte do Chile, Vicuña no dia 7 de abril de 1889. Seu nome verdadeiro era Lucila Godoy Alcayaga. Adotou o nome de Gabriela em homenagem ao poeta italiano Gabriele D’Annunzio e Mistral como forma de expressar sua admiração pelo poeta provençal Frederic Mistral.


Em 1907, seu noivo suicidou-se, fato que marca toda a sua vida e obra. Gabriela nuna se casou. Findou por dedicar sua vida ao trabalho.


Em 1914, venceu seu primeiro concurso literário no Chile com Sonetos de la Muerte.


Em 1922 publica seu primeiro livro de poesias, Desolación. Este livro contém o poema “Dolor”, no qual fala da perda do amado.


Denota-se em suas poesias imagens singulares que expressam uma intensidade e consciências inconfundíveis.Convivem em seus escritos sentimentos antagônicos que bem se equilibram: a ardência e a quietude, o amor e a solidão, a vida e a morte.


Foi a primeira escritora latino-americana a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1945.
Morreu em 1957 em Nova York.

Besos




Hay besos que pronuncian por sí solos
la sentencia de amor condenatoria,
hay besos que se dan con la mirada
hay besos que se dan con la memoria.
*
Hay besos silenciosos, besos nobles
hay besos enigmáticos, sinceros
hay besos que se dan sólo las almas
hay besos por prohibidos, verdaderos.
*
Hay besos que calcinan y que hieren,
hay besos que arrebatan los sentidos,
hay besos misteriosos que han dejado
mil sueños errantes y perdidos.



Hay besos problemáticos que encierran
una clave que nadie ha descifrado,
hay besos que engendran la tragedia
cuantas rosas en broche han deshojado.
*
Hay besos perfumados, besos tibios
que palpitan en íntimos anhelos,
hay besos que en los labios dejan huellas
como un campo de sol entre dos hielos.
*
Hay besos que parecen azucenas
por sublimes, ingenuos y por puros,
hay besos traicioneros y cobardes,
hay besos maldecidos y perjuros.



Judas besa a Jesús y deja impresa
en su rostro de Dios, la felonía,
mientras la Magdalena con sus besos
fortifica piadosa su agonía.
*
Desde entonces en los besos palpita
el amor, la traición y los dolores,
en las bodas humanas se parecen
a la brisa que juega con las flores.

Hay besos que producen desvaríos
de amorosa pasión ardiente y loca,
tú los conoces bien son besos míos
inventados por mí, para tu boca.
*



Besos de llama que en rastro impreso
llevan los surcos de un amor vedado,
besos de tempestad, salvajes besos
que solo nuestros labios han probado.
*
¿Te acuerdas del primero...? Indefinible;
cubrió tu faz de cárdenos sonrojos
y en los espasmos de emoción terrible,
llenaron sé de lágrimas tus ojos.
*
¿Te acuerdas que una tarde en loco exceso
te vi celoso imaginando agravios,
te suspendí en mis brazos... vibró un beso,
y qué viste después...? Sangre en mis labios.



Yo te enseñe a besar: los besos fríos
son de impasible corazón de roca,
yo te enseñé a besar con besos míos
inventados por mí, para tu boca.



Gabriela Mistral ( poeta chilena)