segunda-feira, 2 de junho de 2008

Literatura


A literatura chilena, que originalmente orientou-se à história e posteriormente fez-se fecunda em romancistas e poetas, carateriza-se pela sobriedade, o desprezo do excesso histórico, a sua parquedde na expressão e forma do linguagem. Andrés Bello, pai das letras chilenas, ensinou a Chile a ler, pensar e escrever com um rigos e medida acordes com o temple moderado, tanquilo e austero da alma nacional.

Pode se dizer que, em contraste com outros, o castelhano usado em Chile caraterizou-se por ser simples e sem aparato, limpo e desconfiado da inovação imediata. Este mesmo rigor permitiu ao Chile criar uma litertura homogênea que cultiva todos os gêneros, regularizada por aportar ao idioma castelhano, sobretudo no domínio da palabra poética, três influxos renovadores: Vicente Huidobro, Gabriela Mistral e Pablo Neruda,

Gabriela Mistral traz à poesia castelhana una primeira voz cósmica. Sai do labirinto interior para enfrentar Deus e as forças naturais e sobrenaturais. Um mar de protesta, um clamor de queixas às vezes enfadada, outras simples e humildes, penetram linguagem e as metáforas. Da protesta palpitante em Desolação, passa Gabriela Mistral à resignação de Tala para entrar na renuncia quase monástica de Lagar. Todo este tránsito espiritual vem acusado nas variaciones do estilo, que cada vez repele mais a opulência e a alta orquestração para refugiar-se na nudez quase linhal. Em 1945 recebeu o primeiro Prémio Nobel concedido a un escritor latino americano.

Imediatamente depois da Primeira Guerra Mundial, a poesia europeia sente as sacudidas do dadaísmo, o surrealismo e o cubismo, aos que somam-se o criacionismo e o ultraísmo espanhol. A renovação da poesia de fala castelhana experimenta dois influxos nitidamente chilenos: primeiro, o de Vicente Huidobro, depois o de Pablo Neruda.

Huidobro rompe com todo o externo e arrasa com todos os padrões lógicos até então aparentemente acatados. A inspiração fica em liberdade, as palavras emancipam-se e o inconsciente ordena o novo mundo expressivo. Uma profunda angustia, uma sensibilidade sobressaltada e maravilhada tremem sob o acrobático de Huidobro, que irá mostrar su alta capacidade criadora em seus versos "Altazor" e seu arrebatado dinamismo lírico e evocador em "Mio Cid Campeador".

Neruda, que transpassa cedo a fronteira romântica ye doente de "Crepusculário" e "Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada", abre a porta ao surrealismo. A acumulação caótica, a superposição de temas em um amontoamento e um desorden ferventes, o acento desencantado de quem assiste a destrução de un mundo interno e externo, conferem uma nota dramática a seus poemas. "Residência na terra" (1925-35) é a preferência pelo terreste e telúrico, não desde a oposição de uma conciência mas desde a identidade com o inconsciente vegetal e mineral. Posteriormente, Neruda emerge a uma poesia na que aos poucos perfilam-se temas de projeção objetiva e histórica. A grandeza de "Alturas de Machu Picchu", em seu "Canto Geral", e as Odas serenas e quase burguesas dos últimos anos, revelam no primeiro caso o despertar de uma poesia humanizada e solidária, e as segundas a imersão conformista em um ambiente onde os cinco sentidos enchem todo o horizonte vital. Pablo Neruda recebeu o Prémio Nobel em 1971.

Na atualidade o romance dispersa-se em numerosas correntes. Destaca José Donoso, quem ensaia conflitos de real fondura psicológica em "Coroação" e "Este Domingo", mostra uma desconcertante faceta em "O lugar sem Limites", que com fria e apaixonada curiosidade remove os fundos mais turvos del ser humano, na linguagem direta e alucinadora do realismo, que rompe com todos os tabúes e convenções. Jorge Edwards, é outro nome indispensável em qualquer antologia, não apenas da literatura chilena, mas da literatura hispano-americana. Severo, de rigurosa conciência criadora, analiza a paulatina descomposição da sociedade burguesa e tende, por exigência de um espírito sóbrio e preciso, a um romance que as vezes beira o objetalismo. Entre osa contos de "Gente da Cidade", "O Peso da Noite" e "As Máscaras", seu rigor formal ganha em fondura, transformando-se por uma inflexível conciência crítica. Finalmente, é de ressaltar a figura de Isabel Allende quem, nos últimos anos, ganhou a fama explorando o filão revelado por Garcia Márquez. Romances como "Eva Luna", "A Casa dos Espíritus" e "Do amor e da Sombra" tiveram grande sucesso em livrarias e também no cinema, aonde foram levadas com certa fortuna.

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